Um pouco mais do Mundo,onde estou reaprendendo a aprender.
Hoje pensei em escrever algo para as pessoas com e sem deficiência,qualquer tipo de deficiência , seja ela por nascença, por acidente ou mesmo por doença, tem sua singularidade. De uma maneira ou de outra a deficiência acaba limitando o nosso corpo,os nossos sentidos. No entanto quando nos tornamos deficientes, nossa situação ainda é mais complexa, pois só mesmo quem vivencia no dia a dia uma deficiência sabe das suas dificuldades, seja ele qual for, muitas coisas precisam ser mudadas em nossas vidas.
Para começar, precisamos muito do apoio da família e de amigos, precisamos de palavras de encorajamento, de incentivos e muitas vezes da boa vontade das pessoas. Posteriormente, precisamos aprender a desenvolver várias técnicas e habilidades que até então nem imaginávamos que conseguiríamos. E a nossa criatividade e imaginação? Como dizia Albert Einstein: ”A imaginação é mais importante que o conhecimento”. Sendo assim, damos asas à imaginação... E haja imaginação para o nosso caso! Por exemplo, devido à privação de um dos órgãos dos sentidos, a pessoa com deficiência visual, acaba expandindo outros órgãos como o olfato, o tato e a audição. Esses órgãos são muito mais aguçados para eles do que para qualquer outra pessoa. Outro exemplo são as pessoas amputadas dos braços. Essas precisam aprender a usar os pés no lugar dos braços. Já imaginou? Eles fazem serviço de casa, dirigem, digitam e escrevem: tudo com os pés. E as pessoas com tetraplegia? Esses então são formidáveis! Aprendem a escrever digitar e pintar quadros: tudo com a boca. Isso é ou não é fantástico? Penso que isso nos torna mais eficientes do que deficientes. Não diz o ditado que “quando uma porta se fecha, outra se abre”, isso é o que acontece conosco.
O corpo e a mente humana são máquinas fabulosas que guardam informações, sentimentos e nos ajudam reaprender a viver situações e experiências que até então acreditávamos que não tinha saída.
No meu caso,se tornar uma deficiente auditiva ,fez com que eu aprendesse muita coisa ,claro que após um período de negação, ou seja,( você não acredita que se tornou uma pessoa com deficiência e claro não aceita),depois vem as frustrações,o desanimo,o preconceito que muitas vezes parte de sua própria família e até de você,e o meio social então,particularmente, acho que o social é o mais afetado e o que mais me incomoda até hoje, porque você não tem muitas escolhas ou você se exclui do mundo dos ouvintes ou eles excluem você,muitas vezes por não terem paciência de ficarem repetindo varias vezes a mesma coisa,muita vezes eles até desistem de ficar repetindo e preferem dizer ah deixa pra lá,algumas pessoas acham até que, porque usa aparelho auditivo, tem a obrigação de escutar,parece até que tem um ouvido novo,é como se você comparar o fato de que cadeirante pode andar porque esta de cadeira de rodas,pois novamente volto a dizer,somente quem vivencia a sua deficiência a cada dia sabe as suas dificuldades.
Com o passar do tempo, tudo isso vai amenizando e você vai aprendendo aos poucos a conviver com essa limitação. Não é fácil, mas é possível!
É preciso aprender também, a ser humilde e isso também é uma provação para pessoas que sempre foram prepotentes e/ou arrogantes. Segundo o dicionário, humildade significa a virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza e que proporciona a consciência das nossas próprias imperfeições, significa também, mostrar capacidade de aprender e de reconhecer falhas. Imaginem, além de tornar-se deficiente é preciso também, ter humildade... para reconhecer que precisa aprender novos conhecimentos e reconhecer suas próprias falhas.
Outra atitude muito importante, também, é a coragem. Se a pessoa não era corajosa antes de se tornar deficiente, agora é preciso. Se você não for corajoso, como vencerá as lutas e batalhas diárias? E olha que não são poucas, mas cada batalha vencida é uma vitória a ser comemorada.
Mas...
São inúmeras as mudanças que ocorrem na vida de uma pessoa ao torna-se deficiente. Escreverei mais sobre essas mudanças em outra oportunidade, no entanto não posso deixar de escrever mais uma, o aprender ou reaprender a gostar de si mesmo é o mais importante eu estou reaprendendo a gostar, mais de mim mesma a cada dia,estou perdendo o medo de encarar as pessoas e dizer (desculpe eu sou surda ,você pode repetir?)
Por fim, a lição que venho aprendendo com a minha deficiência me fez acreditar na minha capacidade, na minha competência .Aprendi a não negar a minha atual realidade e vencer os meus medos, aprendi a não me render a autopiedade,descobri como lidar a cada dia com o medo, com a arrogância das pessoas,a impaciência e o egoísmo.
Não é fácil,mais sempre é possível recomeçar.
Pense nisso
Beijokas Iluminadas!!!!
"ઇઉ"NO ORKUT"ઇઉ"
Siglea Mallet
